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Movimento Saúde e Ambiente

Boas Práticas de Sustentabilidade Ambiental em Saúde (BPSAS)

 

Existe evidência avassaladora de que as alterações climáticas e a degradação dos ecossistemas já estão a ter um impacto significativo na saúde das populações e essas alterações estão a suceder a um ritmo acelerado, ameaçando o futuro da humanidade. Por outro lado, sabe-se que, a nível global, o sector da saúde é responsável por 4,4 % das emissões de gases com efeito de estufa (GEE) (4,8% em Portugal). Se fosse um país, os cuidados de saúde seriam o 5º maior emissor do planeta (1,2).

Mais de metade das emissões do sector da saúde (53%) é atribuível ao consumo de energia, principalmente ao consumo de eletricidade, gás, vapor e ar condicionado, combinado com as emissões operacionais do sector da saúde. Outras atividades significativas que contribuem para a pegada dos cuidados de saúde incluem: a agricultura (9%), incluindo a restauração nas instalações de saúde, cultivo de algodão (para batas cirúrgicas, etc.), produtos farmacêuticos e químicos (não incluindo a energia utilizada para os produzir) (5%), transporte (7%) e tratamento de resíduos (3%). Além disso, uma estimativa limitada, abrangendo apenas 31 países, mostra que cerca de 1% adicional da pegada climática global dos cuidados de saúde ou quase quatro milhões de toneladas métricas de emissões de cuidados de saúde provêm da utilização de gases anestésicos (0,6%) e inaladores de dose calibrada (0,3%) (3).

A pegada da saúde não se resume apenas à emissão de GEE, responsável pelo aquecimento global, ela estende-se à degradação ambiental, à quantidade de desperdício que gera e à sua contribuição para o esgotamento dos recursos naturais.

 

  1. Movimento Saúde e Ambiente

É fundamental a contribuição do sector da saúde para a redução da emissão de gases com efeito de estufa, mas também para a redução da degradação ambiental e do desperdício, e, para isso é imperativo uma estratégia transversal nas políticas de saúde. Esta estratégia tem que ser complementada com a identificação e implementação, em cada um dos seus sectores da saúde, de boas práticas de sustentabilidade ambiental. As ordens profissionais, sociedades científicas, as associações e outras organizações, individualmente ou em colaboração, são quem melhor poderá identificar essas práticas, consciencializar os profissionais e induzir uma mudança efetiva de processos e comportamentos.

O Conselho Português para a Saúde e Ambiente, em colaboração com os seus membros, propõe-se dinamizar a elaboração, publicação, implementação, monitorização e avaliação do impacto destas práticas com o objetivo de contribuir para a redução da pegada ecológica da saúde. Chamaremos a esta iniciativa Movimento Saúde e Ambiente.

 

  1. Elaboração de Boas Práticas de Sustentabilidade Ambiental em Saúde (BPSAS)

Pretendemos que as BPSAS sejam simples, compreensíveis, concretas, relevantes, limitadas (cinco a dez seria o ideal, mas poderão ser mais), com efetividade baseada em evidência, focadas nas áreas de maior impacto e cuja implementação esteja principalmente dependente dos serviços e organizações.

Deverão ser evitados enunciados demasiado imperativos.

O documento com as BPSAS deve ser enviado ao CPSA em Word, letra Calibri 12, espaçamento de 1,5 e deverá ter apenas cinco pontos: Recomendações (enunciado das recomendações), Fundamento, Indicadores de Monitorização, Avaliação do Impacto e Referências. As referências devem ser numeradas e estar inseridas no texto.

No anexo 1 e sugerimos um modelo para as referências, mas que poderão mudar se a organização pretender publicar as recomendações numa revista científica, situação em que devem ser adotadas as normas dessa revista.

As BPSAS deverão ser divulgadas como: Recomendações da/s (organização/ões) e do Conselho Português para a Saúde e Ambiente de Boas Práticas de Sustentabilidade Ambiental em (área)/Movimento Saúde e Ambiente. Estas recomendações deverão ser submetidas à direção e conselho científico do CPSA, que poderão sugerir alterações, mas cada organização tem a liberdade de as aceitar ou recusar, no entanto a direção do CPSA reserva-se no direito de subscrever ou não essas recomendações. Desejavelmente um ou dois autores deverão ser destes órgãos do CPSA, mas essa decisão caberá ao associado do CPSA.

Os grupos de trabalho responsabilizados pela identificação e escrita destas recomendações devem ser nomeados pelas respetivas direções, com prazos definidos, e deverão ter um coordenador, que será o interlocutor para o CPSA.

É muito importante que as organizações que elaboram as recomendações sejam efetivamente as que tenham capacidade de mudar comportamentos em cada uma das áreas, pelo que não só será aconselhável a colaboração entre membros associados do CPSA que partilhem a mesma área, mas também que sejam envolvidas outros stakeholders na elaboração das recomendações outras organizações, mesmo que não sejam membros do CPSA. Caberá aos membros decidirem que organizações devem convidar.

A elaboração e divulgação das BPSAS deverá decorrer durante o ano de 2023.  A intenção de participar neste movimento, assim como a designação do nome de quem o vai liderar em cada área especifica, assim como o contacto, deve ser comunicado ao presidente do CPSA, Dr. Luis Campos (secretariado.cpsa@gmail.com).

 

Exemplos de RBPS:

  • BPSAS em Anestesiologia (que devem incluir recomendações sobre a redução da utilização de gases anestésicos);
  • BPSAS em Cardiologia (que devem incluir a remanufactura de dispositivos médicos de uso único);
  • BPSAS em Pneumologia ( que devem incluir a utilização de inaladores MDIs vs DPIs)
  • BPSAS em Nefrologia (incluindo na hemodiálise)
  • BPSAS Em Oftalmologia (incluindo a cirurgia de catarata)
  • BPSAS em Cirurgia (incluindo nos blocos operatórios);
  • BPSAS em Patologia Clínica (incluindo nos laboratórios de Patologia Clínica)
  • BPSAS na redução, reciclagem e triagem de resíduos;
  • BPSAS na otimização de consumos energéticos;
  • BPSAS para melhor gestão de utilização de água;
  • BPSAS na digitalização de processos;
  • BPSAS na gestão do medicamento;
  • BPSAS para redução do desperdício alimentar;
  • BPSA para redução da emissão de GEE dos transportes
  • BPSA nos aprovisionamentos (especial atenção aos produtos com químicos e tóxicos)

 

As BPSAS serão divulgadas através do site e redes sociais do CPSA, da edição de um e-book, nos eventos e ações de formação que o CPSA venha a desenvolver e deverão também ser publicadas e divulgadas por cada um dos membros associados responsáveis pela sua elaboração.

 

 

Referências

1. https://noharm-global.org/sites/default/files/documents-files/5961/HealthCaresClimateFootprint_092319.pdf

2. Peter-Paul Pichler et al 2019 Environ. Res. Lett. 14 064004 https://iopscience.iop.org/article/10.1088/1748-9326/ab19e1/meta

3. https://noharm-global.org/sites/default/files/documents-files/5961/HealthCaresClimateFootprint_092319.pdf

 

Anexo 1

Modelo para referências

 

Artigo

Pittler MH, Ernst E. Dietary supplements for body-weight reduction: a 4 systematic review. Am J Clin Nutr 2004;79:529-36.

 

Artigo com mais de 6 autores:

Sullivan M, Karlsson J, Sjostrom L, Backman L, Bengtsson C, Bouchard 7 C, et al. Swedish obese subjects (SOS)—an intervention study of obesity. Baseline evaluation of health and psychosocial functioning in the first 1743 subjects examined. Int J Obes Relat Metab Disord 1993;17:503-12.

 

Artigos em Sites

Cleland RL, Gross WC, Koss LD, Daynard M, Muoio KM. 5 Weight-loss advertising: an analysis of current trends. Federal Trade Commission, 2002. www.ftc.gov/bcp/reports/weightloss.pdf. (Acedido em 23 de Junho de 2012)

National Institute for Health and Clinical Excellence. 10 Rimonabant for the treatment of overweight and obese patients (appraisal consultation document). 2007. www.nice.org.uk/guidance/index.jsp?action=article&o=38515. (Acedido em 2 de Abril de 2012)

Mohler ER, Fairman RM, Kasner SE. Management of asymptomatic carotid atherosclerotic disease Actualizado em Janeiro 2012. In: UpToDate, Kasner, SE (Ed), Waltham: UpToDate,Inc. http://www.uptodate.com/contents/management-of-asymptomatic-carotid-atherosclerotic-disease?source=search_result&search=Management+of+symptomatic+carotid+atherosclerotic+disease&selectedTitle=2~150 (acedido em Janeiro 2012)

 

Livro

Sattar N, Lean MEJ. 6 ABC of obesity. Oxford: Blackwell Publishing, 2007.

 

Capítulo de livro

Dores G, Neutel E. Abordagem da dor aguda na Urgência/Emergência In: Carneiro AH, Neutel E (edts). Curso de Evidência na Emergência. Manual de Fundamentos. 3ªEd. Porto: Reanima; 2010.

 

Comunicação

Teixeira S, Lynce A, Carvalho A, Monteiro M, Campos L. Utilizadores frequentes de um serviço de urgência: caracterização de um problema. 11º Congresso Nacional de Medicina Interna,Braga, 2005