Plano de Atividades para 2025
Conselho Português para a Saúde e Ambiente (CPSA)
- Contexto
As principais determinantes ambientais da saúde como as alterações climáticas, a poluição, a degradação dos ecossistemas e a perda da biodiversidade estão a evoluir a um ritmo que supera os cenários mais pessimistas. Estas mudanças têm um impacto significativo na saúde das populações, sendo responsáveis por mais de um quarto da mortalidade global. As áreas da saúde e do ambiente têm vivido separadas e temos de começar a abordá-las de forma integrada. Esse mesmo apelo foi feito pela OMS antes da COP29.
Por outro lado, sabemos que o sector da saúde representa, em Portugal, cerca de 4,8% das emissões dos gases com efeito de estufa, a principal origem das alterações climáticas.
Sendo as alterações ambientais o maior desafio para a saúde pública nas próximas décadas, continua a existir uma falta de consciencialização do público, dos profissionais de saúde e dos decisores políticos, relativamente a estas mudanças e défice de educação e de investigação.
A reversão desta ameaça ainda parece possível, mas depende das decisões de cada país, de cada organização e de cada pessoa nos próximos anos. Os profissionais de saúde, para além de cuidadores, são também advogados dos doentes e têm um capital de confiança por parte da comunidade que não podem desperdiçar. Por isso têm a obrigação ética de se envolver neste desafio global, assumindo que estas mudanças que estão a acontecer não dizem respeito apenas a ambientalistas ou a jovens radicais mas afetam-nos a todos e comprometem o futuro das próximas gerações, que são as gerações dos nossos filhos e netos.
- Visão e objetivos do Conselho Português da Saúde e Ambiente
Foi esta a motivação que nos levou à fundação do Conselho Português da Saúde e Ambiente (CPSA), o que ocorreu a 19 de outubro de 2022. A nossa visão é que as gerações atuais e futuras tenham direito a um ambiente limpo, saudável e sustentável, tal como declarado pelas Nações Unidas em 2022.
A nossa ambição foi a de criar uma rede colaborativa das principais organizações relacionadas com a saúde, com os objetivos de reduzir o impacto na saúde das alterações climáticas e da degradação ambiental, diminuir a pegada ambiental do sector da saúde, estimular a sensibilização do público e dos profissionais de saúde, introduzir estas temáticas na sua formação pré e pós-graduada, incentivar a investigação, e ajudar o sistema de saúde a capacitar-se para responder à atual transição epidemiológica e ao aumento do risco de catástrofes climáticas.
A criação do CPSA revelou-se oportuna na medida em que reunimos já mais de 90 das principais organizações relacionadas com a saúde, incluindo associações, ordens profissionais, instituições académicas, sociedades científicas, grupos privados de saúde, laboratórios da indústria farmacêutica, centros de investigação, unidades locais de saúde, câmaras municipais, associações de doentes, empresas de resíduos, tecnológicas, seguradoras e outras, sendo atualmente a aliança mais transversal na área da Saúde.
- Objetivos estratégicos e ações para 2025
Sendo 2025 o nosso terceiro ano de atividade, continuamos com recursos humanos e financeiros escassos, pelo que temos que continuar a ser seletivos nas nossas atividades, priorizando as de menor custo e elevado impacto. O alargamento da capacidade operacional do CPSA está dependente de encontrar novas fontes de financiamento e alargar recursos humanos. No entanto, a extensão e diversidade de organizações associadas do CPSA abrem imensas possibilidades de cooperação, que estão dependentes do dinamismo e pró-atividade dos associados.
Enumeram-se de seguida os principais objetivos estratégicos e ações que planeamos para 2025:
3.1 Promover a participação dos nossos associados nas atividades do CPSA e estimular a cooperação e a criação de parcerias
3.1.1. Realização de reuniões regulares
- Realizar reuniões regulares de associados com agendas temáticas sobre saúde digital, efeito na saúde de eventos meteorológicos extremos (tais como: ondas de calor, incêndios florestais, secas e inundações) e plásticos e saúde.
- Realizar reuniões regulares do Conselho Científico (CC) com agendas temáticas.
- Considerar após 2025: realizar reuniões sobre a importância da implementação de abordagens integradas e multidisciplinares como One Health/Planetary health, limitações legislativas à sustentabilidade ambiental, e sustentabilidade hídrica, boas práticas de saúde urbana e estratégias de resiliência climática das cidades. Também o CPSA pode promover a realização de sondagens/inquéritos online junto dos associados e membros do CC sobre matérias relevantes para a ação do CPSA.
3.1.2. Criação de grupos de trabalho
Criar grupos de trabalho permanentes no seio do CPSA que não serão task forces dedicadas a uma tarefa particular, mas grupos que deverão estimular a cooperação interna e promover ações apoiadas pelo CPSA.
A formação destes grupos poderá ser alinhada por duas lógicas:
- Por tipo de organização (a título de exemplo:)
- ULS
- Sociedades Médicas
- Escolas
- Grupos privados de Saúde
- …
- Por tema (a título de exemplo:)
- Saúde Urbana
- Plásticos
- Pegada Ambiental da Saúde
- Telemedicina/Saúde Digital
- Saúde Mental
- Medicamentos
- Promoção de comportamentos sustentáveis / Responsabilidade dos profissionais de saúde
- Educação e literacia em Saúde e Ambiente
- Investigação em Saúde e Ambiente
3.1.3. Estimular a troca de informação e a participação dos associados na Newsletter do CPSA.
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- Fazer uma maior aposta nas redes sociais online, nomeadamente através da produção de pequenos vídeos e podcasts de regularidade a definir.
- Realizar o 1º Congresso Nacional da Saúde Ambiente.
- Promover encontros regulares da Direção com os responsáveis e representantes das organizações associadas.
- Promover visitas de estudo a instituições e locais para um melhor conhecimento da realidade de determinados sectores e sensibilização para os problemas específicos dessas áreas.
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- Aumentar a influência do CPSA na definição, implementação e monitorização das políticas públicas relativas à Saúde e Ambiente e a sua visibilidade
3.2.1. Reunir regularmente com responsáveis políticos e de organismos reguladores.
3.2.2. Disponibilizar o apoio do CPSA na elaboração de documentos e legislação em todas as áreas de intersecção da saúde e ambiente.
3.2.3. Contribuir de forma ativa para todos os documentos desta área colocados em discussão pública.
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- Elaborar e divulgar comunicados públicos sempre que seja pertinente tomar posições em relação a acontecimentos, políticas ou decisões.
- Promover a participação de pessoas com responsabilidade de decisão nestas áreas em reuniões, webinars e podcasts promovidos pelo CPSA.
- Promover contactos e colaborações com organizações internacionais com objectivos semelhantes aos do CPSA (como, a título de exemplo, o European Climate and Health Observatory)
- Dinamizar e reforçar a capacidade de divulgação do CPSA no site, redes sociais e canal de Youtube.
- Promover encontros com jornalistas dedicados a estas áreas.
- Manter ativo o objetivo de alargar o número e a diversidade dos associados do CPSA.
- 3.2.10.Criar e disponibilizar aos associados um kit de comunicação sobre o CPSA.
- 3.2.11.Considerar após 2025 promover uma declaração conjunta dos associados do CPSA com objetivos e metas de mitigação, adaptação e redução do impacto das determinantes ambientais na saúde.
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- Reforçar a capacidade operacional do CPSA
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- Procurar outras formas de financiamento, para além das quotizações dos associados, através da parceria com uma consultora especializada nesta área, angariação de patrocínios, doações e participação em projetos europeus.
- Procurar uma sede alternativa para o CPSA.
- Angariar voluntários para colaborar com o CPSA.
- Recrutar novos colaboradores para o CPSA, de acordo com a disponibilidade financeira.
- Manter a colaboração com pessoas e empresas que apoiam o CPSA, nomeadamente na contabilidade, dinamização do site e redes sociais, imagem gráfica e secretariado.
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- Promover a elaboração, publicação e implementação de normas de boas práticas de sustentabilidade ambiental nos sectores com mais impacto na pegada ambiental do sector da Saúde, e promover a partilha dos melhores exemplos de boas práticas
- Trabalhar com as sociedades científicas e outras organizações na elaboração, publicação e implementação de normas de boas práticas de sustentabilidade ambiental, priorizando para o ano de 2025 os gases anestésicos, laboratórios de patologia clínica, hemodiálise, endoscopia, o ciclo do medicamento e reutilização de dispositivos de uso único certificados.
- Promover a difusão de exemplos de boas práticas através de vários meios, incluindo o relatório do Observatório Português da Saúde Ambiente, newsletters, redes sociais, canal de Youtube, reuniões, webinars e podcasts.
- Implementar uma plataforma online de partilha de boas práticas de sustentabilidade ambiental.
- Criar um prémio nacional de sustentabilidade ambiental no sector da saúde.
- Considerar após 2025 a elaboração e difusão de um guia de boas práticas de sustentabilidade ambiental no sector da saúde.
- Promover a elaboração, publicação e implementação de normas de boas práticas de sustentabilidade ambiental nos sectores com mais impacto na pegada ambiental do sector da Saúde, e promover a partilha dos melhores exemplos de boas práticas
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- Contribuir para o conhecimento da evolução em Portugal de todos os aspetos da inter-relação entre saúde e ambiente
3.5.1 Divulgar o primeiro relatório do Observatório Português da Saúde e Ambiente no princípio do ano e começar a preparar o segundo.
3.5.2 Iniciar a criação de um dashboard online que monitorize os principais indicadores da evolução da inter-relação entre saúde e ambiente.
3.6 Promover a sensibilização e literacia ambiental do público e a sensibilização e educação dos profissionais de saúde, e a investigação.
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- Elaboração e divulgação de uma carta de comportamentos amigos do ambiente em colaboração com a Associação Zero.
- Promover a ligação do CPSA ao público através da criação no site de uma área dedicada, e através das redes sociais e canal de Youtube.
- Elaborar e divulgar recomendações dirigidas ao grande público sobre comportamentos que os protejam em caso de temperaturas extremas ou catástrofes climáticas.
- Organizar, em parceria com a Escola Nacional de Saúde Pública, uma nova edição do International Course on Health and the Environment, online, em inglês e dirigido aos profissionais de saúde de todo o mundo.
- Enviar um apelo às escolas na área da saúde e ordens profissionais para a necessidade de introdução destas temáticas no ensino pré e pós-graduado.
- Identificar e participar em projetos financiados pela UE que sejam propostos ao CPSA.
- Angariar financiamento para estudos que aumentem o conhecimento nas áreas abrangidas pelos objetivos do CPSA.
- Considerar após 2025 promover sessões sobre Ambiente e Saúde dirigidas ao grande público e uma campanha pública de sensibilização para os temas da Saúde e Ambiente.
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3.7 Estimular a Saúde Urbana e a ligação às autarquias
- Na sequência do Workshop organizado em 2024 sobre saúde urbana, elaborar e divulgar um roadmap de Saúde Urbana que inclua:
- Um Policy Paper com recomendações de política a nível nacional, regional e local.
- Um Roadmap com a definição de objetivos e propostas de ações a nível local e regional.
- A criação de uma Comunidade de Prática de Saúde Urbana.
3.7.2 Criar parcerias estratégicas com os municípios para implementar programas de adaptação climática.
Pela Direção do CPSA
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Luís Campos
Presidente do CPSA
12 de dezembro de 2024