Ambiente Magazine, 17 Julho 2024
Investimento de 400 milhões de euros em novas redes de gás é escandaloso face às metas de descarbonização e às alterações climáticas, alerta GEOTA
O GEOTA – Grupo de Estudos de Ordenamento do Território e Ambiente exprimiu a sua discordância com as propostas de Planos de Investimento nas redes de distribuição de gás para o período 2025 a 2029 (PDIRD-G 2024) apresentadas pelos três operadores, no âmbito da Consulta Pública da ERSE.
“O investimento proposto ascende a 400 milhões de euros, com a construção de 1 380 km de nova rede e a ligação de 100 mil novos pontos de consumo, sendo completamente alienado dos objetivos de descarbonização de Portugal e mesmo escandaloso perante a realidade das alterações climáticas”, alertaMiguel Macias Sequeira, Vice-Presidente do GEOTA e investigador em energia e clima no CENSE NOVA-FCT.
O GEOTA lembra que Portugal assumiu compromissos internacionais para o combate às alterações climáticas, como o Acordo de Paris, e que tem uma Lei de Bases do Clima que declara a emergência climática e vincula o país com a neutralidade climática até 2050. Também o Roteiro para a Neutralidade Carbónica 2050 e o Plano Nacional de Energia e Clima 2030 preveem fortes reduções no consumo de gás natural, em concordância com a meta de redução de 55% das emissões de gases de efeito estufa até 2030, face a 2005, consagrada pela Comissão Europeia. Assim, os investimentos propostos pela REN Portgás Distribuição, S.A., Sonorgás, S.A., e Grupo Floene estão em contra marcha face à transição energética em curso e correm mesmo um forte risco de se tornarem ativos encalhados (“stranded assets”) que podem ser ruinosos para os portugueses.